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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Futebol de amputados: um esporte sem barreiras

Entre vários gols e outras tantas tentativas frustradas, o tempo para os praticantes do futebol de amputados, realizado na quadra do Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), todas as terças-feiras, passa correndo, literalmente correndo. O grupo estava desfalcado na manhã do dia nove, ao total são nove pacientes que freqüentam o esporte, mas os cinco jogadores que ocuparam a quadra mostram que o treino é tão intenso como qualquer jogo.

O educador físico Childerico Robson explica que as sessões de futsal são realizadas entre 10h20min às 11h40min nas terças, envolvendo treino físico, treino tático, assim como a cobrança de pênaltis, cobrança de escanteio e simulação de jogo.

Há três meses o projeto está em andamento e a idéia, além de favorecer a reabilitação física do paciente, visa mostrar para os próprios jogadores que mesmo com necessidades especiais, praticar qualquer tipo de esporte é sempre viável. “Eles tem que sentir que não é porque muitos possuem só um membro que não podem praticar atividades como essas que dão prazer e recompensas físicas”, estimula Childerico.

Todo o ano acontece o campeonato nacional de futebol para pessoas amputadas. A meta vislumbrada pelo educador Childerico e pelos jogadores é reunir um quorum suficiente de atletas que pratiquem o esporte. “Atualmente temos nove pessoas que freqüentam os treinos, mas eu quero até ano que vem conseguir doze jogadores para podermos disputar a competição nacional”, esclarece.

A concentração individual, capacidade cardiorespiratória, raciocínio, reflexo, agilidade e a integração grupal, são estimuladas durante a prática do futebol de amputados, que tem como planos aumentar cada vez mais o número de praticantes, disputar campeonatos e estimular a criação de outros times e grupos em todo Piauí.


Paixão em quadra

Habilidade. Essa é uma das palavras que pode definir Ismael Sousa de 26 anos que treina religiosamente todas as terças-feiras na quadra do Ceir. “Eu também faço natação aqui, mas jogando futebol o tempo passa mais rápido, quando eu to na piscina, toda hora fico olhando para o relógio e aqui isso nunca aconteceu”, declara o palmeirense apaixonado.

No dia 21 de abril do ano de 2008 Ismael sofreu um acidente de moto que acarretou a amputação da perna esquerda. Apesar da fatalidade, Ismael tentou não se abater muito e procurou logo tentar se reabilitar. E se reencontrou no futebol. “Eu nunca faltei nenhuma aula”, diz, confirmando a paixão pelo esporte.

A paixão pelo futebol também marca presença na vida de outro jogador do grupo de amputados. Emanuel Soares de 37 anos se desloca de Castelo do Piauí todas as terças para comparecer aos treinos no CEIR.

Como na vida o inesperado é tão presente quanto a ironia, a amputação da perna direita de Emanuel foi decorrente de um rompimento no ligamento do joelho durante uma partida de futebol em 2001. A perda do membro inferior só aconteceu no ano de 2009, depois da realização de três cirurgias que não obtiveram sucesso.

Mesmo assim o prazer pelo esporte sempre falou mais alto. E desde que descobriu o grupo de amputados, Emanuel não pensa nem duas vezes ao enfrentar a viagem exclusivamente para os treinos.

“Me surpreendi porque achei que não tinha mais como eu jogar de novo, e futebol é minha paixão”, declarou Emanuel que afirmou que a esposa e as filhas também ficaram assustadas quando ele disparou a notícia que estava jogando novamente. O simpático atleta comenta que vai esperar os campeonatos e pretende continuar levando a paixão em frente.

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