Páginas

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Paratletas do Ceir ensinam sobre superação

  O Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) possui uma série de serviços de reabilitação e terapia, entre eles a Reabilitação Esportiva. É através desse serviço que os atletas Nayara Linhares, Marcos Jeane e Auricélia Nunes treinam e fazem atividades físicas. Neste domingo, dia 10 de fevereiro, é comemorado o Dia do Atleta Profissional e vamos conferir as histórias desses três paratletas, que encontraram no esporte mais uma forma de superação.


  A jogadora de parabadminton Auricélia Nunes, de 40 anos, diz que “todo dia é dia aprender uma coisa nova”. A vida dela tem sido assim, desde que foi vítima de um erro médico e perdeu os movimentos das pernas. Sofrendo de depressão e com dificuldades de aceitar a nova condição, Auricélia encontrou no esporte o incentivo que lhe faltava para continuar a vida de forma ativa e feliz.

“Eu entrei em depressão quando descobri que não ia caminhar mais. Não aceitava que ninguém me visse na cadeira de rodas, eu morria de vergonha, mas, com o incentivo da minha mãe, eu aceitei o convite da Laize, uma paratleta, para conhecer o badminton. Fui muito bem recebida e, com apenas seis meses de treino, participei da minha primeira competição nacional e fiquei com o segundo lugar. O parabadminton me apresentou uma nova forma de viver. Hoje eu enxergo a vida de outra forma, conheço outras pessoas que têm mais problemas do que eu e que são felizes, então eu aprendi a valorizar mais a minha vida”, garante.

  Atualmente, além do parabadminton, Auricélia Nunes pratica natação, corrida de rua em cadeira de rodas, musculação e halterofilismo, chegando a levantar 100kg. “Hoje eu faço parte da Seleção Brasileira de Parabadminton e estou indo para a Turquia, pois estamos na corrida para as Paraolimpíadas. Estou na expectativa de me classificar e vou me esforçar para conseguir isso, estou treinando muito”, diz.

  A vida não foi diferente para o nadador Marcos Jeane, 1º lugar no ranking nacional da prova 50 metros nado peito, na categoria SB3. Aos 17 anos, Marcos teve os braços e penas amputados devido a complicações de uma meningite. Hoje, ele diz que ser um paratleta significa superação e que espera motivar as pessoas a se superarem. “Estou treinando e dando o meu melhor. Nas viagens que eu pude fazer com o esporte, vi pessoas com mais problemas do que eu nadando e isso me deu ainda mais força. Pensei que, se eles conseguem, eu também consigo. O incentivo é fundamental para que eu possa continuar. O esporte, para mim, significa motivação. Ver as pessoas nadando me motiva e eu também sou uma motivação para muita gente; quero mostrar para os outros que, mesmo com as dificuldades, a gente não deve desistir, tem que seguir em frente de cabeça erguida”, fala.

  Já Nayara Linhares teve que aprender a se superar desde cedo. Prematura, ela ficou sem os movimentos das pernas em virtude de uma paralisia cerebral. Hoje, com 26 anos e prestes a concluir o curso de Direito, Nayara coleciona medalhas de competições nacionais e se orgulha de estar na 5º posição no ranking nacional da prova 100 metros nado peito, categoria SB4. “A natação é sinônimo de superação, através dela eu descobri que posso fazer o que eu quiser. Eu tenho 26 anos e, depois que entrei aqui e virei atleta, descobri uma nova pessoa, cheia de possibilidades, de objetivos a cumprir. Hoje eu faço faculdade, coisa que eu nem pensava. Então, se eu posso nadar, o que eu nunca imaginei que conseguiria, eu posso fazer qualquer coisa”, afirma.

  O treinador da equipe de Reabilitação Desportiva do Ceir, Childerico Robson, se orgulha dos resultados dos atletas e garante que o seu papel vai muito além de prepará-los fisicamente. “Muitas pessoas não gostam dessa afirmação, mas o treinador reúne muitos papeis em torno de uma figura, o treinador é o amigo, o inimigo, o parente mais próximo, a família, o conselheiro, o psicólogo, às vezes é os braços e pernas dos meninos. Isso acontece porque a gente passa muito tempo junto. Às vezes, sabemos de coisas que ninguém mais sabe, nem a própria família, pois o laço de confiabilidade é muito grande”, garante.